A educação do campo sempre foi uma luta dos movimentos sociais, sendo discutindo nas pautas de reivindicação durante as lutas travadas nas ultimas décadas, mas em 2010 com uma proposta ousada o Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco venceu um edital da SECADI/MEC, o qual ministrou um curso especificamente de educação voltada para as escolas das zonas rurais ou escolas com alunos da zona rural. Foi um trabalho desafiante porque fugiu do quadro de licenciaturas existentes no CESVASF, pondo em discussão o papel da universidade na consolidação do especificado no Edital referente há uma nova concepção de educação e o desafio da construção dessa matriz curricular na faculdade.
Com a parceria de vários órgãos da sociedade civil, direção da universidade e professores comprometidos com o projeto, alunos dos municípios de Abaré e Rodelas na Bahia, Carnaubeira da Penha, Belém do São Francisco, Itacuruba, Floresta e Santa Maria da Boa Vista em Pernambuco, viveram momentos de felicidades e angustias na jornada, por quase um ano ocorreram aulas sem recursos financeiros, e o quase fechamento do programa, os quais ficaram retidos pelo FNDE e liberados após mobilização dos alunos e da coordenação do projeto.
Os educandos chegaram ao curso depois de passarem pelo vestibular mais concorrido da historia do CESVASF num total de mais de 500 concorrentes para 60 vagas, e um dos requisitos principais era ser oriundo da zona rural e fazer parte de algum movimento social. Mesmo com as intempéries vividas pelo curso que se projetou para findar com quatro anos e só terminou com cinco, no dia 20 de Dezembro de 2014 foi consolidada a colação de grau da primeira turma de licenciados em educação do Campo com habilitação em Códigos e Linguagens e Ciências da Natureza e Matemática do Vale do São Francisco, intitulada a maior festa de formatura da historia do CESVASF, com direito a apresentação do Coral de Alunos dos próprios Formando em Educação do Campo, onde apenas essa licenciatura lotou o auditório da FACESF com capacidade para mais de 300 pessoas.
Para o formando Jerson José de Souza, mais conhecido em Abaré-BA como Jerson Florimel pelo trabalho que desenvolve na Associação de Jovens Rurais Florimel, esse curso ficará marcado na vida de cada jovem participante, pela riqueza vivida durante esses cinco anos de conhecimento sobre educação do campo e o empenho dos mestres em conduzir um trabalho pedagógico consistente e eficaz, desenvolvendo o intelecto dos alunos em sua capacidade máxima. Saímos do CESVASF com o compromisso de difundir esse conhecimento nas escolas ajudando vários jovens a construírem um futuro melhor a partir da sua comunidade com um olhar nas potencialidades locais e no desenvolvimento educacional para transformação social.
Mesmo com a implementação do curso de licenciatura em educação do campo financiado pela SECADI/MEC, os estados e as prefeituras não estão incluindo vagas para educadores do campo nos concursos e seleções, está é um luta que está apenas começando, reconhecer o campo com suas especificidades se confunde com o falar do respeito ao campo, na integra, a exclusão social educacional nas áreas rurais são alarmantes, dessa forma, uma intervenção do estado é necessária, providenciado políticas reconhecedores de um novo quadro para as famílias que vivem da agricultura familiar e suas necessidades estruturantes de uma educação de qualidade.
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