A decisão do STF que considera vaquejada "inconstitucional" continua a repercutir. Vaqueiros do Vale do São Francisco se unem em defesa da Vaquejada, um esporte considerado recreativo-competitivo em 2015. A manifestação acompanha uma movimentação nacional nesta terça-feira (11).Em Petrolina, a concentração foi na Praça do Carro, centro da cidade.
A polêmica decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), considerando inconstitucional uma lei no Estado do Ceará que regulamenta a vaquejada, repercute fortemente no Estado e há um temor entre os praticantes e adeptos do esporte que gere jurisprudência e a proibição seja estendida pelo país. "Já discutimos a evolução na vaquejada há mais de 20 anos e sabíamos das mudanças que eram necessárias, coisa que o Sul e Sudeste do país não discutiu ainda. Estamos dizendo um não ao julgamento sem conhecimento. Não existindo a Vaquejada não tem demanda para a crianção do animal, todo mundo nessa cadeira sofre", disse Geraldo Estrela.
Para José Brito a decisão do STF não avaliou o dano social dos que vivem da Vaquejada no país. "A sociedade vaqueira diz não a essa decisão do Supremo. Somos defensores dos animais, somos fiscais do bem-estar do animal, muitas vezes tratamos os animais muito melhores do que a nós mesmos. Cidades inteiras foram pegas de surpresa com uma decisão que praticamente fecha essas cidades, leva um dano irreversível social, cultural e econômico de um povo". Ele relata o avanço na prática do esporte de forma a evitar sofrimento aos animais. "Hoje em dia existe uma proteção para o gado, os cavalos e os vaqueiros. Tem uma adequação as normas sociais e as normas de proteção, entendemos que a coexistência entre os direitos dos animais e a vaquejada é possível", argumenta.
Para o movimento, não se pode definir a vida de um aglomerado em função de uma análise simplória. "Precisa se aprofundar nessa discussão", acrescenta José Brito. "Foi uma decisão tomada sem o conhecimento de causa, nos evoluímos muito, não utilizamos mais o chicote, as esporas, hoje temos a proteção do rabo, médicos veterinários nos eventos, o cuidado adequado aos animais, respeitando as suas limitações e estamos chamando a atenção para a indústria de empregos que é gerada (...) Temos cidades do Brasil que vivem diretamente da vaquejada, e numa canetada só, equivocadamente, tomaram essa decisão enquanto nós estamos convocando a sociedade para um debate. Não queremos ir de encontro aos defensores de animais, até porque nós cuidamos de animais", reforça Aerolande Cruz.
Uma nova manifestação está programada para acontecer dia 25 de outubro em Brasília para reunir representantes das 26 federações brasileiras e do Distrito Federal contra a decisão do STR, a normatização da profissão do vaqueiro e regulamentação da atividade.
A movimentação atravessou a Ponte Presidente Dutra para o lado baiano de Juazeiro (BA) em continuidade ao ato de protesto.
Discussão na Alepe
Na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o deputado estadual Rodrigo Novaes foi outro a se posicionar veementemente contra a decisão do Supremo. "Esta decisão me parece equivocada. Não há dúvidas sobre a importância cultural desta prática para o nosso Estado. Um evento que remonta aos nossos antepassados, as pessoas antigamente se submetiam aos galhos da caatinga para buscar o gado e recolhê-lo para o curral", lembrou o parlamentar.
Para o deputado, a prática não é considerada agressão ao animal. "Se assim fosse, seria maus tratos marcar o boi com ferro quente para identificá-lo, como também criar galinhas por metros quadrados para a produção de ovos ou ainda chicotear um cavalo para pular inúmeros obstáculos". O parlamentar afirmou que dará entrada com voto de repúdio a decisão do STF, para que se tenha a atividade de vaquejada e pega de boi regulamentados, respeitando as condições dos animais. "Ninguém tem prazer em ver o sofrimento, mas se deve valorizar esta cultura, que é tão importante para a região. Não se pode tratar a cultura alheia com desmerecimento, é preciso sim que haja respeito", finalizou.
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